quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Pesquisa nacional aponta opinião pública favorável a expansão da Educação Profissional

Foto: Arquivo SUPROF
Segundo pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao Ibope, mais de 90% da população brasileira considera que fazer um curso técnico de nível médio proporciona oportunidades para ingressar no mundo do trabalho. A pesquisa ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 143 municípios.

A pesquisa aponta que para 53% dos entrevistados, o ingresso mais rápido no mercado de trabalho é uma das principais razões para fazer um curso profissional, 47 % têm o desejo de se qualificar em uma profissão específica e 28% considera que amplia as oportunidades de acesso ao mundo do trabalho. Sobre os salários, 82% concordam total ou parcialmente que os profissionais com certificado de qualificação profissional têm salários maiores do que aqueles que não têm um diploma.  A pesquisa dará subsídios para definir a oferta de vagas pelo Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

Ainda segundo o levantamento, os entrevistados que frequentam ou frequentaram cursos de Educação Profissional têm avaliação positiva sobre as instituições ofertantes da rede pública de ensino, classificando em primeiro lugar a estrutura física da escola com 8,64, seguido do Sistema S com média de  8,30 e demais instituições privadas com 7,64. A rede pública também se destaca no que se refere a adequação ao mercado de trabalho com  media de 8,57,  seguindo do Sistema S que ficou com 8,30 e instituições privadas com 7,71. Em outros quesitos, a rede pública de ensino fica em segundo lugar destacando-se num percentual muito pequeno de diferença do Sistema S. Veja tabela: 

Fonte: CNI –Ibope: retratos da sociedade brasileira: Educação Profissional : janeiro de 2014
Foto:Professor Almerico/
Arquivo Suprof
O professor Almerico Lima,  superintendente de Educação Profissional e doutor em Educação faz um alerta"apesar de positiva, principalmente quanto à avaliação da rede pública, a pesquisa de opinião reflete um senso comum da relação direta em qualificação  e emprego. Isto se evidencia por estarmos em um período de pleno emprego  no Brasil. Entretanto, em épocas de depressão econômica, esta relação não é tão clara assim. Existem outros fatores que mediam a relação qualificação profissional e emprego: experiência, escolaridade, faixa etária, relações de gênero e raça, logística de acesso ao local de trabalho, entre outros. Não podemos ressuscitar o mito da empregabilidade,  qual afirmava que dependia só do trabalhador o seu emprego. Ao contrário precisamos reforçar as políticas públicas de educação, seguridade, emprego, trabalho e renda, desde a escolarização básica e verificação da demanda de pessoas qualificadas, até a intermediação e a obtenção do trabalho decente, ou seja com carteira assinada e em condições salubres e salarialmente recompensadoras. Sem dúvida a educação profissional, como a concebemos, tem um papel fundamental,pra prover a escolarização, a formação técnica e a formação cidadã ou seja conhecimentos científico, tecnológicos e aqueles vinculados à consciência e diretos dos trabalhadores."

Na Bahia, a Rede Estadual de Educação Profissional vem garantindo cada vez que jovens e trabalhadores baianos tenham acesso a Educação Profissional. Com a criação da Superintendência de Educação Profissional da Bahia (SUPROF), pelo Decreto Lei nº 10.955/2007, cresceu mais de 1.600% sem seis anos, fortalecendo-se como uma política pública prioritária de Estado. E com esse crescimento estabeleceu-se, segundo o Censo Escolar INEP/MEC de 2012, como a terceira maior rede do país, atrás apenas do estado de São Paulo e do estado do Paraná. Para 2014, a meta é chegar ao final do ano com 84 mil matriculados, o equivalente a um crescimento de mais de 1.900%.

Mais que formar técnicos, formar cidadãos e cidadãs para o mundo do trabalho

Ilustração:  AIE/SUPROF
A Rede Estadual de Educação Profissional da Bahia vem mudando a realidade da vida de muitos jovens e trabalhadores/as baianos/as. Através de uma formação profissional integral os estudantes são preparados para uma inserção cidadã no mundo do trabalho, e assim poder atender e se beneficiar das demandas do desenvolvimento socioeconômico e ambiental dos Territórios de Identidade baianos

Ligia Medina, 18, formada no curso técnico em Comércio, pelo Colégio Estadual Francisco da Conceição Menezes, em Santo Antônio de Jesus conta que após concluir o estágio foi contratada com carteira assinada “Me dediquei sempre aos meus estudos para que tivesse meu trabalho reconhecido e isso aconteceu é tanto que estou aqui inserida no mercado. Esse é meu primeiro emprego, muita emoção!”, disse a jovem que trabalha em um escritório de Contabilidade.

Já Milena Teixeira Aguiar, 19, formada do curso técnico em Recursos Humanos, pelo CEEP em Gestão e Meio Ambiente, em Brumado, afirma que graças a qualificação profissional adquirida ao longo do curso já está trabalhando. “Há quinze dias comecei a trabalhar e estou muito feliz, pois sei que os ensinamentos dos meus professores me tornaram uma profissional preparada para saber resolver situações que enfrentarei nas minhas rotinas de trabalho.

Gileno da Silva Alves, 42, formado em Segurança do Trabalho, pelo CEEP em Saúde e Gestão, em Guanambi, conta que doze anos afastado da escola, voltou a estudar para concluir o ensino médio. “Precisava trabalhar para manter minha família, não tinha condições de conciliar trabalho e estudo. Fiquei sabendo que podia fazer esse curso após ir à escola onde meu filho estuda, ele também faz um curso técnico. Não imaginava que teria esta oportunidade com a idade que tenho. Sou muito grato a direção do Centro por ter me incentivado e ao governo pela possibilidade de hoje ter um diploma”, disse. 

Ela ainda complementa: “Hoje estou trabalhando em uma empresa que presta serviço a concessionária responsável pela construção do Complexo Eólico Alto Sertão II, instalado aqui na região. Minha nova casa está quase pronta, comprei uma moto, poderei dar uma vida mais confortável para minha família. Estou muito feliz e realizado”, comemora.

Ilustração: AIE/ SUPROF
Evolução- Em 2006 existiam 4.016 matrículas em 15 cursos técnicos e em 22 municípios. Dados atualizados até 2013 apontam a rede com mais de 69 mil matriculados em 80 cursos técnicos de nível médio e em 8 cursos de formação inicial e continuada /qualificação profissional, disponíveis em 125 municípios dos 27 territórios de identidade baianos.

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